Kendô e Iaidô são consideradas como sendo as duas faces de uma mesma moeda, complementado-se mutuamente.

Em particular, o Iaidô traz consigo elementos que não são estudados ou que são estudados de maneira menos profunda no Kendô, tais como:

• Saque e embainhamento da espada japonesa;

• Como lidar contra múltiplos oponentes;

• Como lidar contra um oponente que não está à sua frente (ex: está atrás ou ao seu lado);

• Como agir em situações em que não esteja em pé;

• Como utilizar adequadamente outras partes da espada além da lâmina; 

entre outros.

Koryû significa literalmente “estilo antigo” e indica os estilos tradicionais de Iaidô, em contraposição ao Zenkenren Iaidô, ou seja, o Iaidô preconizado pela Federação Japonesa de Kendô.

A prática do Koryû é prevista e incentivada no âmbito do Iaidô, a ponto de técnicas de Koryû serem exigidas em exames de graduações mais altas de Iaidô. Assim sendo, a prática de Iaidô leva inevitavelmente à prática de um Koryû.

Existem diversos Koryû que são praticados nesse contexto no Japão e no mundo, sendo que alguns desses estilos também são difundidos no Brasil, com destaque para os estilos Musô Shinden-ryû e Musô Jikiden Eishin-ryû. Outros estilos, como Mugai-ryû e Tamiya-ryû, também podem ser vistos em terras brasileiras, embora com menor frequência. 

A espada faz parte da cultura, tradição e do imaginário japonês desde tempos imemoriais. Diversas expressões idiomáticas da língua japonesa usadas no dia-a-dia são originárias da espada e do seu uso.

Entende-se que a Katana, a espada japonesa como conhecemos hoje, ganhou os seus contornos atuais aproximadamente mil anos atrás e, portanto, as técnicas de manejo também acompanharam essa evolução.

A estruturação formal das técnicas em estilos e escolas aconteceu bem mais tarde, aproximadamente 500 anos atrás, organizando as técnicas e práticas que deram origem ao que se conhece hoje como Iaidô.

Após a Restauração Meiji, em 1868/1869, começou-se um movimento de ter uma entidade central que governasse a prática no Japão. Isso levou à fundação da Dai Nippon Butokukai (“Grande Associação Japonesa das Virtudes Marciais”) em 1895.

Por conta da Segunda Guerra Mundial, essa organização foi dissolvida e, em seu lugar, foi fundada a Federação Japonesa de Kendô (AJKF – All Japan Kendo Federation) em 1952, que passou a englobar a prática do Iaidô anos depois. 

E em 1969, foi estabelecido o primeiro conjunto de Iaidô no âmbito da AJKF, contendo 7 (sete) técnicas. Em 1980 foram adicionadas mais 3 (três) técnicas e, em 2000, mais 2 (duas) técnicas, resultando no conjunto atual com 12 (doze) técnicas de Iaidô, baseadas em diversas técnicas de estilos antigos de Iai. 

Essa prática é conhecida hoje como Zenkenren Iai (Iaidô da Federação Japonesa de Kendô), que pode ser chamada simplesmente de Iaidô em âmbito nacional.

Futuramente, pretende-se disponibilizar mais artigos sobre o assunto no site.

O Iaidô veio juntamente com os imigrantes japoneses. Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, há registros da prática no Brasil, por mestres como Hayashi Hisayoshi sensei.

Após a Guerra, Yoshimatsu Mitsugi sensei se tornou figura central do Iai no Brasil, principalmente nas décadas de 1960 e 70, ensinando Iai a diversas pessoas, incluindo grandes nomes do Kendô brasileiro.

Aproximadamente a partir da década de 1980, o Iaidô da Federação Japonesa de Kendô passa a ser praticada de forma mais constante no Brasil, desenvolvendo-se principalmente ao redor da figura do Tamaki Tadachi sensei.

O Iaidô ganha um impulso significativo no Brasil com a chegada de Tsutsumi Toshihiko sensei, em 2003. A partir deste ano, a arte passa a ser mais difundida no Brasil, culminando na realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Iaido em 2013.

Hoje, existem mais de duzentos praticantes de Iaidô, espalhados nas cinco regiões do Brasil.

Muito mais do que ler ou ver na internet, recomendamos que vá assistir a um treino para saber como é! 

A lista atualizada de onde treinar Iaidô você pode encontrar no Menu do site. 

Atualmente, o Iaidô como preconizado pela Federação Internacional de Kendô e pela Federação Japonesa de Kendô possui 12 (doze) técnicas:

1) Mae (Frente)

2) Ushiro (Atrás)

3) Ukenagashi (Receber e fluir)

4) Tsuka-ate (Atingir com o cabo da espada)

5) Kesagiri (Corte em diagonal)

6) Morotezuki (Estocada com as duas mãos)

7) Sanpôgiri (Corte nas três direções)

8) Ganmen-ate (Atingir o rosto)

9) Soetezuki (Estocada com a mão apoiada)

10) Shihôgiri (Corte nas quatro direções)

11) Sôgiri (Corte completo)

12) Nukiuchi (Saque em ataque)

A estrutura de um treino de Iaidô varia muito de lugar para lugar e ainda de treino para treino.

Existe uma ênfase bastante grande para:

- Kihon, que é o treino de fundamentos; e

- Kata, que é o treino das técnicas pré-definidas.

Também podem existir treinos especiais de inverno, chamados de kangeiko, e treinos especiais de verão, chamados de shochûgeiko, além de treinos em regime de concentração, conhecidos como gasshuku.

Novamente, cada treino pode ser diferente e recomendamos que vá assistir a um treino para ver na prática como é!

No Iaidô, existe a graduação (Kyûi e Dan’i) e a titulação (Shôgô).

A graduação mede o desenvolvimento e a maturação em termos técnicos (físicos e mentais) e vai desde o 1º kyû (a primeira graduação) até o 8º dan (a graduação mais elevada atualmente).

A titulação reconhece o grau de impacto positivo que a pessoa tem para o Iaidô. Atualmente, existem três títulos: Renshi, Kyôshi e Hanshi.

Mas, tirando alguns casos muito específicos, não há nenhuma marca ou item que identifique a graduação da pessoa. Assim, é perfeitamente normal ter mestres de mais alta graduação treinando lado a lado junto com iniciantes.

As disputas de Iaidô são uma competição que envolvem tipicamente duas pessoas executando um conjunto predefinido de kata (técnicas), para que a banca de arbitragem avalie quem conseguiu uma execução mais próxima à exigida pela arte, dentro, claro, do nível das pessoas que estão competindo.

É comum uma disputa ter a duração máxima de 6 (seis) minutos, com uma banca de árbitros que levantam a sua bandeira para quem fez uma execução mais apropriada. A pessoa que recebe duas ou mais bandeiras a seu favor vence.

A avaliação costuma ser feita por três árbitros por luta, de forma que não haja empate. O árbitro não pode sinalizar empate ou abstenção, sempre utilizando a sua bandeira para indicar quem foi a pessoa vitoriosa.

No início, é normal a pessoa se focar apenas no golpe propriamente dito. Mas, à medida em que se aumenta a compreensão acerca do Iaidô, fica cada vez mais claro que os príncipios mentais e físicos, além das condições e restrições que constroem a técnica são muito mais fascinantes do que a execução do movimento em si.

Existem diversos pontos que são considerados para fins de avaliação. Além de cada kata (técnica) possuir os seus requisitos relevantes, a forma de execução deve estar alinhada com o descrito no Manual do Iaidô e materiais suplementares. 

Além disso, cada graduação possui exigências como as abaixo:

1) Para 1º dan a 3º dan 

• Correta vestimenta e correto procedimento de etiqueta

• Correto nukitsuke (forma específica de saque) e kiritsuke (forma específica de corte)

• Correto chiburi (movimento de limpeza da espada) e angulação

• Correto nôtô (processo de embainhar a espada)

2) Para 4º dan e 5º dan, além das exigências acima, adicionam-se:

• Tranquilidade mental

• Metsuke (forma de utilizar o olhar)

• Kihaku (energia plena, assertiva e dominante)

• Sincronia harmoniosa entre Ki (energia/intenção), Ken (espada) e Tai (corpo)

3) Para 6º dan a 8º dan, além das exigências acima, o nível, maturidade e profundidade da pessoa com relação aos itens abaixo são considerados de forma global para avaliar se possui o nível necessário para justificar a graduação:

• Riai (compreensão dos princípios que fundamentam a técnica)

• Fûkaku e Hin’i (Porte, Dignidade, Nobreza e Elegância)