Jodô significa literalmente “Caminho do Bastão/Cajado” (“Jo” = bastão/cajado; “Dô” = Caminho) e é uma arte marcial tradicional japonesa de combate com esse equipamento.
Existem diversas artes marciais tradicionais japonesas que utilizam o bastão. No Japão, o Bôjutsu seria a arte do bastão (“Bô” = bastão) em sentido amplo, mas geralmente o bastão nesse caso costuma medir por volta de 1,80m.
No caso do Jodô, o bastão é mais curto e, portanto, chamado de Jo (ou, em pronúncia japonesa, Tsue), pois tende a ter dimensões mais similares a um cajado. Além do Jodô e do Bôjutsu, existem outras artes marciais japonesas que manuseiam o bastão, cada uma com suas características.
Hoje, o Jodô é essencialmente baseado em formas predefinidas (Kata) de combate entre o bastão (Jo) e a espada (Tachi), que são executadas utilizando-se o próprio bastão e a espada de madeira (Bokuto)."
A prática do Jodô é feita conforme preconizada pela Federação Internacional de Kendô (FIK – International Kendo Federation) e a Federação Japonesa de Kendô (AJKF – All Japan Kendo Federation).
A Confederação Brasileira de Kendô (CBK) é a única representante oficial da arte no Brasil.
A Confederação Brasileira de Kendô (CBK) é a única representante oficial da arte no Brasil.
O Jodô visa aprimorar a pessoa, em termos físicos, mentais, morais, éticos e espirituais, de forma que se torne alguém que efetivamente beneficie a sociedade e a humanidade como um todo.
Existem diversos benefícios na prática do Jodô, dentre os quais podem ser citados:
O aprimoramento de valores morais como respeito, confiança, perseverança e retidão;
Fortalecimento corporal e maior agilidade nos movimentos;
Melhoria da postura;
Aperfeiçoamento da capacidade de tomada de decisão, aumentando a confiança;
Melhoria das relações interpressoais, desenvolvendo a harmonia e a cooperação necessárias para uma vida em sociedade.
Isso está em linha com o Conceito do Kendô e no Propósito da Prática do Kendô, textos oficiais estabelecidos em 1975 pela Federação Japonesa de Kendô.
Ǫual a principal característica do ensinamento do Jodô?
O Jodô tem por principal característica dominar o oponente em resposta ao seu ataque. Ou seja, não visa o ataque, mas sim controlar o oponente por meio de contragolpes.
Isso está de acordo com um poema antigo relacionado ao Jodô, que diz, em tradução livre:
Sem ferir / Mas sim admoestar a pessoa / Disciplinando-a
Não há dúvidas que o Ensinamento / Não se encontra fora do cajado (bastão).
Além disso, considerando as características do bastão, incluindo as suas dimensões, as possibilidades de manuseio são muito amplas. Isso transforma o Jo em uma arma bastante versátil e permite uma variedade enorme de movimentos, trabalhando diversos aspectos físicos e mentais e permitindo que o controle do oponente seja feito de inúmeras maneiras.
Como surgiu o Jodô?
O uso de um bastão para combate, seja para ataque, seja para defesa, é visto em diversas culturas em todo o mundo. Naturalmente, a cultura japonesa não é exceção e diversas técnicas foram criadas para, posteriormente, serem estruturadas em diversos estilos, cada um com a sua característica, tanto em termos técnicos quanto filosóficos, definindo especificações próprias para o bastão utilizado.
O Jodô como é conhecido hoje tem as suas raízes no estilo Shintô Musô-ryû, fundado no século 17 por um artista marcial chamado Musô Gonnosuke. Esse estilo se difundiu principalmente no sudoeste do Japão, sendo conhecido como “Kuroda no Jô", ou seja, “O bastão (cajado) de Kuroda”, em referência ao feudo onde o estilo mais se popularizou, sendo utilizado principalmente pelas forças policiais da época.
Após a Restauração Meiji, em 1868/1869, um evento de grande relevância foi a fundação da Dai Nippon Butokukai (“Grande Associação Japonesa das Virtudes Marciais”) em 1895. Essa organização congregou diversos praticantes de Jôjutsu, tendo como principal expoente Nakayama Hakudô sensei.
Por conta da Segunda Guerra Mundial, essa organização foi dissolvida e, em seu lugar, foi fundada a Federação Japonesa de Kendô (AJKF – All Japan Kendo Federation) em 1952, que passou a englobar a prática do Shintô Musô-ryû Jôjutsu em 1956.
E em 1968, por intermédio de mestres como Shimizu Takaji sensei e Otofuji Ichizô sensei, foi estabelecido o Jodô no âmbito da AJKF, contendo 12 (doze) técnicas. E, apesar de ter sofrido algumas pequenas alterações em 1977 e em 1987, esse é essencialmente o Jodô praticado hoje em dia em âmbito mundial.
Futuramente, pretende-se disponibilizar mais artigos sobre o assunto no site.
Como o Jodô veio parar no Brasil?
O Jodô veio juntamente com os imigrantes japoneses – para ser mais exato, os primeiros registros localizados até o momento mostram que já havia algumas demonstrações ocasionais do estilo Shintô Musô-ryû Jôjutsu ainda nas décadas de 50/60, estilo que seria a base para o Jodô. Foi nessa época que pessoas como Taniguchi Akira sensei, mestre de Karatê, fizeram algumas demonstrações.
Posteriormente, mestres como Endo Toshinobu sensei e Kishikawa Yoshiaki sensei (juntamente com a esposa, Kishikawa Michiko sensei ) passaram a transmitir o Jodô no país, além de outros expoentes como Shikanai Ichitami sensei, mestre de Aikido.
Hoje, o Jodô está em um processo de franca expansão no Brasil, graças aos esforços de praticantes de todas as regiões do país.
Como é um treino de Jodô?
Muito mais do que ler ou ver na internet, recomendamos que vá assistir a um treino para saber como é!
A lista atualizada de onde treinar Jodô você pode encontrar no Menu do site.
Ǫual o conteúdo de um treino de Jodô?
A estrutura de um treino de Jodô varia muito de lugar para lugar e ainda de treino para treino.
Existe uma ênfase bastante grande para:
Kihon, que é o treino de fundamentos; e
Kata, que é o treino das técnicas pré-definidas.
Também podem existir treinos especiais de inverno, chamados de kangeiko, e treinos especiais de verão, chamados de shochûgeiko, além de treinos em regime de concentração, conhecidos como gasshuku.
Novamente, cada treino pode ser diferente e recomendamos que vá assistir a um treino para ver na prática como é!
Ǫuais são os fundamentos do Jodô?
Os fundamentos (kihon, em japonês) são os golpes mais básicos, a partir dos quais são construídos as técnicas. Atualmente, o Jodô como preconizado pela Federação Internacional de Kendô e pela Federação Japonesa de Kendô possui 12 (doze) fundamentos:
1) Honte-uchi (direita e esquerda);
2) Gyakute-uchi (direita e esquerda);
3) Hikiotoshi-uchi (direita e esquerda);
4) Kaeshi-zuki (direita e esquerda);
5) Gyakute-zuki ;
6) Maki-otoshi ;
7) Kuri-tsuke ;
8) Kuri-hanashi ;
9) Tai-atari ;
10) Tsuki-hazushi-uchi ;
11) Dô-barai-uchi ;
12) Tai-hazushi-uchi (direita e esquerda).
Esses doze fundamentos podem ser feitos tanto em Tandoku Dôsa (prática individual só com o bastão) quanto em Sôtai Dôsa (prática em dupla, um com o bastão e outro com a espada).
Ao se aperfeiçoar nesses fundamentos, efeitos como os abaixo podem ser esperados:
Correção da postura;
Compreensão da distância e precisão dos golpes;
Correção, agilidade e potência dos movimentos;
Eliminação de vícios;
Clareza na visão e aumento na energia.
Quantas técnicas tem o Jodô?
Atualmente, o Jodô como preconizado pela Federação Internacional de Kendô e pela Federação Japonesa de Kendô possui 12 (doze) técnicas:
1) Tsukizue
2) Suigetsu
3) Hissage
4) Shamen
5) Sakan
6) Monomi
7) Kasumi
8) Tachi-otoshi
9) Rai-uchi
10) Seigan
11) Midare-dome
12) Ran’ai
Como funcionam as graduações no Jodô? Tem “faixa”, “cordão” ou equivalente?
No Jodô, existe a graduação (Kyûi e Dan’i) e a titulação (Shôgô).
A graduação mede o desenvolvimento e a maturação em termos técnicos (físicos e mentais) e vai desde o 1º kyû (a primeira graduação) até o 8º dan (a graduação mais elevada atualmente).
A titulação reconhece o grau de impacto positivo que a pessoa tem para o Jodô. Atualmente, existem três títulos: Renshi, Kyôshi e Hanshi.
Mas, tirando alguns casos muito específicos, não há nenhuma marca ou item que identifique a graduação da pessoa. Assim, é perfeitamente normal ter mestres de mais alta graduação treinando lado a lado junto com iniciantes.
Como funciona uma competição de Jodô?
As disputas de Jodô são uma competição que envolvem tipicamente dois pares executando um conjunto predefinido de kata (técnicas), para que a banca de arbitragem avalie quem conseguiu uma execução mais próxima à exigida pela arte, dentro, claro, do nível das pessoas que estão competindo.
A avaliação costuma ser feita por três árbitros por luta, de forma que não haja empate. O árbitro não pode sinalizar empate ou abstenção, sempre utilizando a sua bandeira para indicar quem foi a dupla vitoriosa. A dupla que recebe duas ou mais bandeiras a seu favor vence.
Existem diversos elementos que são avaliados para decidir qual a dupla vencedora, dentre os quais podem ser citados:
Plenitude do Kisei (energia/atenção);
Postura correta;
Precisão e potência do golpe;
Distância (maai) e tempo/ritmo (ma);
Forma do olhar (metsuke);
Etiqueta;
Aderência aos pontos de avaliação do Manual de Jodô da Federação Japonesa de Kendô.
Como são avaliados os movimentos do Jodô?
Existem diversos pontos que são considerados para fins de avaliação. Além de cada kata (técnica) possuir os seus requisitos relevantes, a forma de execução deve estar alinhada com o descrito no Manual do Jodô e materiais suplementares.
Além disso, cada graduação possui exigências como as abaixo:
1) Para 1º dan a 3º dan
Correta vestimenta e correto procedimento de etiqueta
Correta postura
Golpes em consonância com o kihon (base)
Kisei (energia e atenção) pleno
2) Para 4º dan e 5º dan, além das exigências acima, adicionam-se:
Maturidade e nível de profundidade com relação a Ma (tempo/ritmo), Maai (distância) e angulação
Maturidade e nível de profundidade com relação à utilização da espada (jô)
Sincronia harmoniosa entre Ki (energia/intenção), Ken/Jo (espada/jo) e Tai (corpo)
3) Para 6º dan a 8º dan, além das exigências acima, o nível, maturidade e profundidade da pessoa com relação aos itens abaixo são considerados de forma global para avaliar se possui o nível necessário para justificar a graduação:
Riai (compreensão dos princípios que fundamentam a técnica)
Fûkaku e Hin’i (Porte, Dignidade, Nobreza e Elegância)